quinta-feira, 18 de março de 2010

o zé partiu

Domingo. Dia cinzento. Liguei ao Zé. Um café foi o combinado. Passados 30 minutos tinha-me sentada a uma mesinha pequena de um dos salões das redondezas que nos trata bem e sentimos familiar, onde nos últimos tempos íamos por comodidade. Lá estávamos, eu e o Zé que também tinha como tão familiar! Não era dos meus amigos mais antigos, nem dos mais presentes. Era um amigo de quem eu gostava tanto...quase sem saber donde vinha todo aquele apreço, ...talvez por ser a coisa mais natural de se sentir depois de conhecer o Zé. Em nós, desde o início a empatia existiu e foi crescendo. Depressa me rendi incondicionalmente à sua gargalhada, ao seu gosto pela vida, à sua alma GRANDE.

Naquele domingo falava-lhe dos desencontros da semana, dos dias menos bons, das esquinas angulosas com que me deparava...e acabaria por naquela tarde engendrar tantos defeitos nisto e naquilo, complicar feitios...enfim, falava-lhe da minha insatisfação, ainda que com alguma leveza, por entre doces e golos de chá... O Zé sabia ouvir. E sempre que era preciso parava o riso e ficava atento. Era tão infantil e tão maduro, inconsciente do seu brilhantismo neste paradoxo...

Dele ouvi num registo límpido que ecuou em mim, numa sabedoria que também ele queria aplicar aos seus dias: "não vamos complicar, qualquer dia se pomos defeitos em tudo e em todos, estamos sozinhos e ninguem nos atura, nem nós"...talvez por outras palavras, mas foi isto que ficou...E rimos os dois. O bastante. De nós, da vida, dos (des)encontros, dos dias, das mil histórias...
Acho que o encontro com o Zé foi um encontro feliz, de muita luz, que me faz esboçar um sorriso, agora.
Sempre o senti Maior do que nós, e isto é tremendamente inexplicável. Sempre o senti especial e com uma dimensão humana invulgar.
Deixa-lo-ei partir, a caminho da sua evolução que acredito que todos teremos que fazer.
E quantas gargalhadas demos juntos...O sorriso do Zé ficará sempre comigo.

I.c.n.

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